Capítulo 5 - O Mistério do casal Breton
Olá leitor, não esqueça de deixar seu comentário no fim do capítulo. Assim eu também posso conhecer sua opinião :D
Depois do coquetel e do “chá de sumiço” que Dr. Oswald havia tomado. Luke contou a Celina sobre a rede de spas e clínicas que a LabsCorp mantinha controle. Feng comentara que o Sr. Dantas era, além de dono, frequentador assíduo de seus Spas, principalmente o “Flor do deserto”, que se localizava em Oasis Springs.
"Porque sempre essa cidade está metida com sobrenaturais que tentam mudar sua condição genética?" Pensou ela, lembrando de um caso importante de sua carreira.
Luke podia não ser um completo imbecil de vez em quando...As informações que conseguiu eram úteis. Celina se recordou que o tal “Flor do deserto” era Spa de fachada para que alguns sobrenaturais como vampiros e trolls, recebessem alguns “cosméticos”.
Para os vampiros, um point para reabastecimento do “Protetor Solar fator 6000” e para trolls, um banho na “Lama da Babilônia” era suficiente para que mantivessem sua forma humana por mais alguns meses.
A agência dos Guardiões de Avalon, controlava a venda dos fármacos. Trolls assinavam a ATA de vendas com seu registro geral. Cada sobrenatural deveria manter as aparências no mundo síminco não-sobrenatural, sims não-sobrenaturais não sabiam lidar com o desconhecido, se tornavam tão agressivos e irracionais quanto àqueles que chamavam de monstros.
Oasis Springs, verão de 1941
Quando Logan Evans chegou ao endereço de sua nova investigação, ele não conseguiu evitar a decepção. Era uma casinha simples, nos subúrbios mais modestos de Oasis Springs e parecia tão mal-cuidada que dava dó.
Perto da única árvore do quintal havia um par de lápides recém colocadas com os nomes do casal Breton muito visíveis. Logan não era muito religioso, mas pensou que uma boa maneira de começar seria prestar seus respeitos ao casal.
Não estava ali em pé por muito tempo, quando sentiu os pelos da nuca se eriçarem e a sensação mais estranha o invadiu. Não era exatamente medo, era mais como se um raio tivesse acabado de cair e o ar estivesse cheio de eletricidade estática.
Em seguida ele ouviu uma voz de mulher atrás de si.
- Detetive Logan Evans? - Celina perguntou, a Agência Guardiões de Avalon a havia designado para investigar certas ligações do tal incêndio que matou de maneira suspeita o casal Breton, o Detetive Evans seria seu parceiro local. - Agente Anderson, da AGA.
- A.G.A.? Eu nunca ouvi falar desse setor, vocês estão ligados a que ministério?- Bom - Celina hesitou, pois não sabia como o Detetive, que aparentava não saber da ligação com sobrenaturais, iria reagir à sua real missão ali. Mesmo assim, o formigamento que ela sentiu ao chegar era estranho… - O que posso informar é que somos uma Agência Reguladora dos ministérios, estamos aptos a intervir, se assim necessário for.
Logan tomou a mão da agente com desconfiança. A sensação de eletricidade permanecia. Mas ela tinha as credenciais e aparentava saber o que estava fazendo. Além de tudo aqueles eram tempos estranhos. Qualquer ajuda era necessária.
- Nesse caso, bem-vinda a Oasis Springs.
As mãos permaneceram ligadas por mais tempo do que o necessário. Aquilo era… peculiar.
- Obrigada. - ela disse de maneira neutra.
Celina sentiu um calafrio na espinha durante seu aperto de mão demorado, seu sexto sentido alertava de algo, era semelhante às vezes que outros sobrenaturais cruzavam seu caminho, porém… o tipo de choque não se assemelhava aos sobrenaturais cadastrados.
Logan bateu na porta e os dois aguardaram um momento. Lá de dentro vinha o barulho de um bebê chorando e uma voz jovem pedindo para que ele se calasse por um instante. Alguns segundos depois a porta abriu e uma jovem apareceu, com olhar cansado e ar desanimado, convidando-os a entrar.
O estado da casa por dentro era ainda mais sofrido do que o exterior. Havia bagunça por todo lado e o cheiro de comida azeda parecia impregnar o ar.
- Por favor, desculpe o estado da casa… eu ainda não me habituei a cuidar de tudo e ter duas crianças pequenas pra tomar conta é muito mais difícil do que eu pensei.
- Por favor, não se incomode com isso queremos apenas trocar algumas palavras com a senhorita - disse Logan com um sorriso tranquilizador.
- Eu sou a Agente Anderson, eu e o Detetive Evans viemos ajudar a esclarecer tudo o que aconteceu com seus pais. Nós sentimos muito. - Celina procurou manter um tom amistoso, suave, para que a menina se sentisse confortável. Preferiu deixar que a jovem se apresentasse, mesmo sabendo seu nome… Isso a faria mais confiante - Como você se chama?
- Fleur…Fleur Breton
- Muito bem Fleur, primeiro eu queria que você me contasse um pouco como era a vida da sua família em Champs Le Sims. Moravam lá há muito tempo? Você possui outros parentes lá?
- Não, meus pais eram filhos únicos, os dois, sempre sonharam com uma família grande. Nos mudamos pra lá em 39, por causa do trabalho de papá. Mas aí a ameaça de guerra se tornou mais forte, e meus pais decidiram que seria melhor mudar para um lugar mais pacífico. Ficaram muito felizes em vir para Oasis Springs, no começo do ano.
Franzindo um pouco a testa com o cheiro de um prato de mingau que já tinha visto dias melhores, Logan perguntou:
- E você tinha alguma ideia da natureza do trabalho dos seus pais?
- Bem, não exatamente… Papá era cientista, químico. E mamá arqueóloga. Eles ficaram felizes em aceitar o trabalho lá porque era uma oportunidade única de trabalharem juntos.
Celina continuou:
- Seus pais tinham muitos amigos? Muita gente frequentava sua casa?
- Bem… Na verdade não. Mamá e papá trabalhavam muito, eles diziam que a nossa casa era nosso santuário. Mas havia um senhor com um menino. De vez em quando eles apareciam, mas nunca entravam. Papá os recebia na porta. Eu achava estranho porque o menino tinha idade pra brincar com Amélie, minha irmã do meio. Nós nunca ficávamos por perto quando esse senhor aparecia. Não sei sobre o que falavam.
- Agora, vou pedir pra falar de um assunto que eu sei que é difícil - disse Celina. - A noite do incêndio.
Fleur suspirou e olhou pro copo de água a sua frente. Então falou com voz monótona.
- Nós estávamos aqui fazia três meses. Estávamos gostando. Aqui é… diferente. Mais quente. Sentia meus pais mais relaxados. Mas na noite antes do incêndio eles estavam tensos. Bem, agora, eu digo que estavam tensos, no momento eu só achei estranho.
- Você pode tentar ser um pouco mais clara?
- Eles receberam uma carta na parte da tarde. Depois passaram o resto do dia cochichando. Nos mandaram pra cama mais cedo. Eu lembro bem disso porque Amélie reclamou que não era mais bebê para dormir no mesmo horário de François. Mas meus pais foram firmes. Eu dormia junto com Amélie, nossos quartos ficam no fundo. Eu estava acordada até tarde porque tinha pegado um livro novo e...
Fleur não conseguiu terminar a frase, lágrimas brotaram de seus olhos e ela começou a soluçar.
Tentou manter o foco, mas a dor que sentia em seu coração só de lembrar daquela noite era muito grande.
- Me desculpem… eu… Não consigo mais. Eu só pude pegar o François e fiz Amélie pular uma janela. A casa já estava em chamas. Alguns amigos alugaram esse lugar para nós. Eu estou tentando… Mas é tão difícil...
- Os seus esforços são visíveis, senhorita Breton. Está fazendo um trabalho maravilhoso para uma jovem com a sua idade. Outros já teriam desistido. Agradecemos pelo seu tempo, não iremos lhe incomodar novamente.
Logan não conseguiu esconder seu alívio de sair da casa de ar viciado. Cheiros fortes o incomodavam profundamente.
- Então agente Anderson, o que achou?
Celina o avaliou mais uma vez. Continuava sentindo essa coisa estranha com relação a ele.
- Muitas hipóteses, nada concreto… Mas não é muito sábio discutirmos isso aqui - ela olha ao redor como se sentisse olhos em algum lugar.
- Sim, é verdade. Creio que o mais sensato seja voltarmos a delegacia, e preencher a papelada. Vamos ver se descobrimos a identidade do tal senhor com o menino.
- Certo - Ela sorriu, o homem despertava sensações estranhas nos sentidos mais profundos de Celina. Apesar de sorrir pouco, ela preferiu ser simpática para não levantar qualquer suspeita sobre esse “novo terreno”.
- A delegacia não fica longe. Você chegou como até aqui? - perguntou o detetive.
- Táxi.
- Então me acompanhe até o meu carro.
- Depois de você, Detetive Evans.
No carro, Celina percebeu que poderia aproveitar a oportunidade para conhecer aquele homem que despertava essa sensação tão incomum em seu sexto sentido.
- Sempre morou aqui, Detetive Evans?
- A maior parte da minha vida. Nasci em Windenburg, provavelmente.
- Provavelmente?
- Fui adotado.
- Ah, sim… - Celina achou estranho, Windenburg? Era suspeito uma criança nascida em Windenburg provocar essa sensação. O Q. G. se localizava lá… Como poderia o Detetive não estar dentro dos papéis? Estranho...Tudo relacionado ao Senhor Evans era suspeito, incerto, estranho, eletrizante...
- A senhora está hospedada em algum lugar? Acredito que essa investigação vai ser mais longa do que eu previa. - Logan estava desconfortável. A sensação estranha só se intensificava a cada minuto. O que era aquilo?
- Sim, estou.
Logan pensou que o mais sensato era focar na missão a sua frente, cedo ou tarde ele iria ter que se acostumar com isso se iria realmente trabalhar com a agente Anderson.
- Quando chegarmos à delegacia podemos dar uma olhada em alguns arquivos. Oasis Springs não é uma cidade grande, não deve ser difícil encontrar para qual empresa trabalhava o casal Breton, se ela era cadastrada.
- Mas se o que eles estavam fazendo era ilegal, o mais óbvio é que não tenham registro algum.
- Claro. Mas algo me diz que eles deviam usar alguma empresa de fachada. Um químico e uma arqueóloga não se mudariam com a família para uma cidade estranha se não houvesse algo minimamente legal na proposta.
Celina decidiu que aquele seria um momento bom como qualquer outro para colocar os pingos nos “is”. Uma pergunta direta e dependendo da resposta ela iria traçar seu plano de ação. Afinal, se a própria agência o havia designado como parceiro...
- Detetive Evans, o que você sabe sobre sobrenaturais?
Logan deu um suspiro profundo e guardou um momento de silêncio. Claro. Agora isso. Será que a tal agência que a agente Anderson havia mencionado sabia de alguma coisa? O melhor era falar o mínimo possível.
- Eu sei que existem. Mas aqui em Oasis Springs, pouco se vê ou se fala sobre. Como a senhora pode ver, é um deserto. Acredita que o caso dos Breton poderia ter algo a ver com sobrenaturais?
Celina o encarou por um momento. Então ele realmente não era um humano comum. Restava saber com o que estava lidando. Olhando para frente, respondeu:
- Eu nem estaria aqui se a possibilidade não existisse.
Residência Mason, San Myshuno, dias atuais.
- O quê? Vai ser incrível sua vinda pro feriado...Sim Sim, claro que está! Do jeitinho que você deixou...Ela ainda está viva? Calma era brincadeira...claro que adoro os tufos de pelos que ela deixa no meu sofá...- Luke gargalhou.
- Relaxa Mandy, parei. Até já, beijos. – Ele desligou o telefone. – Margaret! Põe água no feijão que a gente vai ter visita!
Celina havia dito à Luke que ele teria parte da manhã livre, ele iriam até Forgotten Hollow depois, para obter informações com alguns anciãos do povoado. Luke que não era nada bobo, relaxou na hidromassagem até que Mandy, sua irmã, ligou, avisando que chegaria dali à algumas horas. Mesmo sem a folga para o feriadão de sua nova “ocupação” de Tutelado, as gravações do novo filme só começariam em três meses, então até lá...uma boa hidro não era crime.
- Nem posso acreditar que a famosa Mandy vai finalmente aparecer! – Disse Margaret, a mordoma de Luke. Ela já trabalhava ali fazia alguns meses, então já ouvira muuuitas vezes Luke falar sobre como sua irmãzinha era inteligente e que seria a Ufóloga mais brilhante que o mundo símico já viu! - Ela tem sorte em ter o senhor como irmão – concluiu ela.
- Tem mesmo – disse Luke, lembrando dos momentos difíceis que a família Mason passou... – Mas mudando de assunto, temos ingredientes suficientes para um belo bolo de chocolate?
- Não, o senhor comeu tudo da última vez...
- Ah! É mesmo – disse Luke rindo. – Eu me esqueço que sinto fome de doce depois de uma ressaca.
- Façamos o seguinte então, você vai até o mercado não não...Ligue para o mercado e peça para transferirem para uma moça muito...boa, chamada Jane, ela com certeza vai mandar o melhor motoboy entregar aqui em questão de minutos.
- Certo, algo mais além dos ingredientes do bolo?
- Peça Wiskey...Por alguma razão meu especial Escocês de 16 anos está quase no fim... – Luke disse, pensativo.
- Muito prazer em conhece-la Srta. Mandy! – cumprimentou Margaret
- O prazer é todo meu... Margaret, não é?
- Isso mesmo... Senhor Luke falou muito da senhora.
- Falou né? Ele continua o bom e velho matraca...Não sei como ainda não pediu as contas Margaret, aposto que ele ainda dá festas de arromba nesse apê – disse Mandy de modo alegre enquanto Margaret concordava com a cabeça.
- EU TÔ AQUI MANINHA! – gritou Luke, da cozinha. – FAZENDO TEU BOLO FAVORITO!
- Nem acredito que falta só um ano pra você se formar mana! – Luke disse abraçando a irmã – Estava com tantas saudades suas...Como estão as aulas e o estágio?
- Não consigo respirar...- disse Mandy presa nos braços fortes do irmão.
- Oh, desculpa...É que to muito feliz que você veio pra cá ficar uns dias comigo. – ele disse rindo, juntamente com a irmã.
- Calma irmãozão! Eu vou responder todas as suas perguntas, mas preciso de oxigênio pra isso.
- Desculpe! Antes da gente sentar, vamos tirar uma selfie – Luke disse pegando o celular do bolso – Meus fãs vão adorar saber que tu tá aqui!
- Agora deixa eu colocar no Simstagram...e prontinho, olha! Já tenho mil likes!
- Você não mudou nada, maninho! Continua um viciado em redes sociais! – Mandy disse rindo ainda mais.
- Ah, que nada! Você sabe que jamais deixaria meus fãs sem saber do meu dia...Eles me amam.
- Certo certo, vamos sentar – Mandy disse alegre pela felicidade do irmão e por ver que ele não mudou nenhum pouco, continuava o mesmo boçal palhaço que ela conhecia.
- Sobre a faculdade, está tudo ótimo! Eu enviei meu currículo para uma grande empresa, o resultado deve sair uma semana após meu retorno.
- Que notícia boa! E onde é a sede da empresa?
- Aqui em San Myshuno...Se eu for efetivada, depois do estágio e da minha formatura, posso sair empregada na minha própria cidade.
- Parece até que foi ontem que você saiu daqui...- Luke disse, com os olhos fixos no da irmã.
Até que algo na perna de Mandy chama atenção...
- Ôh Mandy! O que é isso na sua perna?? E por quê tá faltando tanto pano na tua saia??
- Ah...isso, não é nada. – Mandy disse, tentando disfarçar.
- Claro que é. Uma tatuagem?! Olha onde isso está tatuado perto do...do que deve ser protegido!
- Ah fala sério Luke, eu não tenho mais dezesseis anos...Moro com a irmandade faz quanto tempo hein? – Mandy contou nos dedos
- Um, dois...quatro anos! Até parece que não sei me cuidar! – Ela esbravejou. – E quanto ao tamanho da minha saia, eu gostei e vou usar!
Luke não gostou nada do tom da irmã, fez cara feia.
-Nada disso, quase dá pra ver tua virilha com isso...Os caras vão em cima de você no campus!!!
- E quem disse que eu não quero que venham? – Mandy perguntou num tom de brincadeira...
- Como assim Mandy???? Não! Você é pura, não pode fazer essas coisas... – Luke disse, ele sabia como era a mente dos homens naquela idade, uma piiiiilha de hormônios à flor da pele. Não queria que nenhum babaca se aproveitasse da sua irmã. – Pode tirando essa saia aê!
- Eu não vou tirar! Não tenho que mudar minha roupa porque os homens não conseguem manter o passarinho na gaiola. Eles devem me respeitar, é o mínimo! – Mandy resistiu firmemente.
Luke podia debater com ela a tarde inteira e levar essa discussão pra um nível pior, mas se ele conhecia bem a irmã...Ela tinha herdado a cabeça dura da família, assim como ele, alguém teria que ceder mais cedo ou mais tarde.
“Eu é que não vou voltar atrás” pensou.
Os argumentos dela podiam até ser corretos...Mas Luke não se sentia seguro em deixar a irmã sair assim, ainda mais no campus...Cheio de testosterona.
Mandy saiu disparada rumo ao seu quarto e arrastou Lady Fifi, sua gata, com ela.
- Vamos Fifi, o idiota do meu irmão pode ser o melhor irmão do mundo...mas as vezes tem uns pensamentos tão arcaicos, que me irrita MUITO. Ainda bem que você é a coisinha mais fofa do mundo e com certeza concorda comigo.
- Pelo Grande Prisma!! O bolo! – Luke levanta correndo, só o que faltava era o bolo ter queimado.
- Ufa! Pelo menos o bolo está com uma cara ótima! Fofo e cheiroso. Vou colocar uns granulados e estará perfeito.
Luke refletiu brevemente sobre a conversa que teve com a irmã...O que mais o preocupava, é que se acontecesse algo com Mandy, jamais se perdoaria por não estar presente para ajudá-la.
Quando sua mãe morreu e seu pai os abandonou, os irmãos Mason se aproximaram muito. Só tinham um ao outro. Luke havia trabalhado muito para conseguir colocá-la na Brindleton Bay University, só queria garantir que ela alcançasse o que tanto quer.
- Acho que se levar um bolinho, ela aceita conversar comigo mais uma vez...
Luke chegou a porta de Mandy e bateu.
- Mandy, posso entrar? - Ele perguntou apreensivo.
- Pra quê? Pra me dizer que nem ficar sozinha posso? Dispenso.
- Não...Eu trouxe bolo. - "Oferta de paz" era o que ele realmente queria dizer.
- Estou sem fome, obrigada.
- Tem certeza? É de chocolate.
Mandy pensou por um segundo que ele estava tentando mesmo comprá-la com comida? Esse Luke, não era mau...Era só um idiota mesmo.
- Pode deixar aí na porta que eu pego - Mandy disse com implicância.
- Poxa - Luke disse tristonho com um biquinho - Tá bom então...
Quando ele ia repousar o prato no chão, Mandy abre a porta:
- Eu achei que você fosse mais insistente, manino...Anda, entra logo.
Luke abriu um belo sorriso, e se sentou na cama junto a irmã.
- Eu sei que você vai dizer que blá blá blá eu estou errado, e posso até estar Mandy...Mas é porque eu me preocupo contigo...Você é minha irmãzinha. Eu morreria se algum mal te acontecesse.
Vendo a ternura nos olhos do irmão, Mandy se sentiu feliz por tê-lo. E resolveu que ensiná-lo era a melhor opção.
- Tudo bem Luke, eu sei que não fez por mal mas já passou da hora de entender que eu ando com as minhas próprias pernas. Eu tenho pena das suas filhas se você continuar desse jeito...
- É verdade, mas então eu acho que posso ficar mais tranquilo se você aceitar minha proposta.
- Se estiver ao meu alcance e não for nada estúpido, não vejo problemas em aceitar.
- Então deixa eu te explicar...
Forgotten Hollow, mais tarde no mesmo dia.
Celina havia marcado como ponto de encontro o bosque principal de Forgotten Hollow que dá acesso a Windenburg. Ali, Luke e ela iriam até o Grande Hotel Straud.
Vladslaus Straud III o qual na realidade era Vladslaus I, fundador do pequeno povoado) era um dos anciãos do clã de vampiros locais. Era um senhor muito simpático, apesar da aparência distinta e das lendas que as mães contavam sobre ele com intuito de assustar as crianças à noite, Celina e ele sempre foram bons conhecidos. Sabiam respeitar as perdas um do outro.
Devido à recente explosão no Pan Europa, casos de vampiros descontrolados, e o fato de que foi naquela cidade que O herdeiro* nasceu; Celina precisou “dar uma prensa” nos anciãos.
"Tá aí, outra cidade que vira e mexe eu retorno".
- Você como sempre, atrasado. - Celina indagou contrariada - Como é que quer se efetivar Agente Temporário se não consegue cumprir horários, Mason?
- Ah, qual é? Se eu chegar na hora, onde ficam aquele suspense instigante enquanto a bela donzela espera o cavalheiro aqui?
- Já deixei de ser donzela há muito tempo Sr. Mason. E cavalheirismo é algo que parece estar longe da sua concepção.
- O que isso quer dizer, exatamente? - Ele pergunta, confuso e Celina respirou fundo e massageou as próprias têmporas.
"Se o Grande Prisma me der força não sei o que faço".
- Quer dizer que se você se atrasar mais uma vez para alguma missão, vai aprender o real significado da expressão "Pisar em ovos".
Luke encarou o silêncio, pensando no quê aquilo podia significar...Ele não sabia, mas pelo tom da loira, não estava nem um pouco afim de descobrir.
- É melhor se apressar - Disse Celina, deixando para trás Luke e seus pensamentos.
Celina poderia ter chegado em um estalar de dedos ao Hotel, mas não achava certo se revelar dessa maneira, ele não sabia que era uma bruxa, e não o conhecia bem o suficiente para prever sua reação. Muito cedo.
Além disso, uma boa caminhada era sempre bem-vinda.
O Hotel Vladslaus III era uma belíssima construção Victoriana cheia de riquíssimos detalhes. Celina se recordou da primeira vez que entrou por aqueles imensos portões assustadores. Vlad escolheu cada detalhe com muito cuidado.
- Esse lugar me dá calafrios - Luke resmungou.
- Forgotten Hollow tem esses ventos encanados mesmo, não é exclusividade do Hotel.
- Não é o clima, aqui é onde o Vladislaus mora...O Vlad.
- Sim eu o conheço. Mas porque você está tão apreensivo?
- Você não sabe das lendas? - Perguntou, incrédulo.
- Que lendas?
- E depois se acha sabe-tudo. Olha realmente...Sua mãe nunca te contou isso?
- Vai dizer ou não? Não tenho o dia todo. - Ela respondeu atravessado, pensando que nem sabia da existência da mãe até pouco tempo.
- Reza a lenda que um velho homem que se alimenta de sangue, foi o responsável pelo súbito desaparecimento de mais da metade do povoado de Forgotten Hollow no início do século passado...E que esse mesmo homem assombra algumas casas de Windenburg.... Em busca de sangue.
- Isso é ridiculo! Não acredito que perdi meu tempo com essa história boba que mães contam aos filhos com intuito de algo que não é da minha compreensão.
- Não é ridículo! É seríssimo! Eu não posso entrar nesse covil do mal. Meu pescoço não estaria seguro! - Luke indagou, decidido a não arredar o pé dali!
Celina fez um minuto de silêncio e o encarou. Não era possível que o novo tutelado dela fosse tão...tão...imbecil. Ela nem sabia o que responder sobre o que acabara de ouvir. Mas sabia exatamente como agir.
- Teu pescoço não está seguro mesmo, não existe nenhum lugar seguro. Mas se insiste em ficar aqui sozinho, eu tenho um trabalho a fazer e não costumo brincar em serviço. Mas antes, vou mandar uma mensagem de texto para o Alex ir preparando o seu caixão. Epitáfio?
- Ah! Qual é??Você só pode estar de brincadeira!
- Eu? - Ela perguntou irônicamente.
- Sim!!!! Eu já li relatos sobre vítimas dele! Apareciam drenadas, largadas perto do bosque da Dama de branco.
"Dama de branco", esse era um ponto que Celina preferia evitar a qualquer custo.
- Já chega! Eu estou entrando. Boa sorte com seu pescoço. - Ela disse, e saiu em direção à porta de entrada.
- Não acredito que ela realmente me deixou plantado aqui, que bela parceira. - Disse Luke ainda assustado, e os barulhos suspeitos que vinham das árvores não o ajudavam.
- É, era uma vez Luke.
Continua...
No próximo capítulo...
Queria agradecer imensamente a Hortencia Alves que me ajudou no crossover com seu lindo sim Logan e com toda a ambientação dos anos quarenta, e em muitas coisas!Haha
A Fernanda Martins que me emprestou sua querida Mandy para ser irmã do Luke e a todos vocês que aguardaram ansiosamente o retorno de "As crônicas de Avalon" :D
Espero que gostem.